Mandeí, Maytá e Boreá são as últimas sobreviventes do povo Juma, que, no século 18, contava com até 15 mil indivíduos. Atualmente, elas vivem à margem do rio Xingu, em meio a um contexto de violência histórica que se intensificou com a colonização portuguesa. A memória do massacre do Rio Abacaxis, ocorrido em agosto de 2020, ainda ecoa entre os ribeirinhos e indígenas da região, onde a impunidade e o silenciamento sistemático perpetuam o esquecimento das atrocidades cometidas.
O massacre, que resultou na morte de oito pessoas e no desaparecimento de outras três, foi desencadeado por uma operação da Polícia Militar que visava reprimir a pesca ilegal. O episódio, que deixou marcas profundas na comunidade, é um exemplo da violência que os povos indígenas e ribeirinhos enfrentam no Brasil, frequentemente motivada pela disputa por terras e recursos naturais. Em maio de 2023, treze agentes de segurança pública foram indiciados pelo envolvimento no massacre.
A história dos Juma é um reflexo da resistência e da luta pela sobrevivência frente a séculos de opressão. Desde a invasão de seringalistas durante a ditadura militar, que resultou em um massacre em 1964, até os dias atuais, as memórias de violência e resistência permanecem vivas nas vozes das poucas sobreviventes. A pesquisadora Priscila de Oliveira, da ONG Survival International, destaca que a falta de justiça e a impunidade contribuem para o apagamento dessas histórias, que deveriam ser parte da memória coletiva do Brasil.