A operação da Polícia Federal contra o pastor Silas Malafaia, realizada nesta quarta-feira (20), revelou divisões internas no núcleo bolsonarista. Alvo de um mandado de busca e apreensão autorizado pelo ministro Alexandre de Moraes, Malafaia enviou mensagens a Jair Bolsonaro (PL) atacando o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), a quem chamou de ‘babaca’. O descontentamento do pastor se deve à atuação de Eduardo nos Estados Unidos em defesa da sobretaxa de 50% sobre produtos brasileiros, anunciada por Donald Trump, que, segundo Malafaia, fortaleceu politicamente Lula ao oferecer um ‘discurso nacionalista’.
As mensagens trocadas entre Malafaia e Bolsonaro fazem parte do material reunido pela Polícia Federal para embasar a operação que investiga tentativas de obstrução do julgamento de Bolsonaro e o uso de milícias digitais para atacar o Supremo Tribunal Federal. O pastor, que até então era um dos aliados mais próximos da família Bolsonaro, expressou sua indignação em relação ao filho do ex-presidente, afirmando que não hesitaria em criticar publicamente Eduardo caso ele continuasse a fazer declarações consideradas inadequadas. Além de Malafaia, o inquérito menciona outros envolvidos na articulação para desacreditar instituições democráticas.
As implicações dessa crise interna são significativas, pois não apenas expõem as fragilidades nas relações entre os aliados de Bolsonaro, mas também levantam questões sobre a integridade das instituições democráticas no Brasil. Tanto Jair quanto Eduardo Bolsonaro foram indiciados por coação no curso do processo e tentativa de abolição do Estado Democrático de Direito, o que pode resultar em consequências legais severas para ambos. A situação continua a se desdobrar em um cenário político já conturbado, refletindo as tensões dentro do bolsonarismo e suas repercussões na política nacional.