O salto alto, tradicionalmente associado ao status e à feminilidade, enfrenta uma nova realidade no mundo da moda. Segundo um relatório da Lyst, as buscas online por "high heels" caíram 67% nos últimos dois anos, enquanto modelos flats e sneakers ganham destaque entre os jovens. Essa mudança reflete uma ressignificação do salto, que, embora ainda presente nas coleções de luxo, se adapta às demandas da mulher contemporânea.
Guilherme Kfouri, diretor criativo da Alexandre Birman, destaca que a elegância atual não deve ser sinônimo de desconforto. "O salto do futuro será híbrido: belo, desejável e confortável", afirma. Essa nova abordagem não representa o fim do salto alto, mas sim uma evolução que dialoga com as transformações sociais e culturais em curso.
A história do salto alto remonta ao século 17, quando era usado por nobres europeus, incluindo Luís XIV, como símbolo de poder e riqueza. Com a Revolução Industrial, a estética masculina mudou, e o salto passou a ser associado ao vestuário feminino, tornando-se um ícone da feminilidade moderna. A adoção do salto pelas mulheres entre os séculos 18 e 19 foi um ato político, representando a ocupação de espaços antes dominados por homens.
Assim, a trajetória do salto alto revela não apenas a evolução da moda, mas também as mudanças nas dinâmicas sociais. O salto, que um dia simbolizou o ócio e o poder masculino, agora se reinventa como um símbolo de autonomia e identidade feminina, refletindo as novas exigências de conforto e estilo no mundo contemporâneo.