Entre abril e maio de 2024, o Rio Grande do Sul enfrentou um dos maiores desastres naturais da sua história, com mais de 15 mil deslizamentos de terra registrados. O estudo publicado na revista Landslides aponta que 36 desses deslizamentos excederam 100 mil m², afetando 150 dos 497 municípios do estado. A tragédia resultou em 183 mortes e deixou 27 desaparecidos, impactando a vida de mais de 800 mil gaúchos, com enchentes que invadiram casas e serviços essenciais.
A pesquisa, coordenada pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), destaca que os deslizamentos se concentraram em municípios como Bento Gonçalves, Veranópolis e Cotiporã, onde a combinação de chuvas intensas e encostas íngremes aumentou o risco. O estudo também identificou que as áreas mais afetadas apresentam maior pressão de intervenções humanas, como desmatamento e construção de estradas. O levantamento revela ainda que 2.430 trechos de estradas foram impactados, isolando comunidades e causando perdas materiais significativas.
As implicações deste evento são profundas, não apenas em termos de perda de vidas e destruição material, mas também na necessidade urgente de reavaliar as políticas de uso do solo e gestão ambiental na região. O estudo deve servir como um alerta para futuras intervenções e planejamento urbano, visando mitigar os riscos associados a desastres naturais em um cenário de mudanças climáticas. A situação exige uma resposta coordenada entre instituições governamentais e a sociedade civil para garantir a segurança e a recuperação das áreas afetadas.