O Rio Grande do Sul se destaca como o estado com o maior número de feminicídios, mesmo com medidas protetivas ativas, segundo o Anuário Brasileiro de Segurança Pública. Em 2024, 14 mulheres foram assassinadas sob essas condições, representando 27% dos casos registrados no Brasil. O caso mais recente que chamou atenção ocorreu em maio, em Três Coroas, onde Juliana Mateus, 40 anos, e sua mãe, Zilma Damiani Mateus, 68 anos, foram brutalmente assassinadas pelo ex-companheiro de Juliana, Ederson Jesus da Silveira.
Juliana havia solicitado uma medida protetiva contra Ederson apenas três dias antes do crime. Embora a medida tenha sido determinada pelo Judiciário, o agressor não foi intimado, o que levanta questões sobre a eficácia da rede de proteção às mulheres no estado. O crime ocorreu quando Ederson invadiu a residência das vítimas e as atacou com facadas, resultando na morte de Juliana no local e na morte de Zilma dias depois, após ser hospitalizada.
Luana Mateus, irmã de Juliana, que retornou da Austrália para cuidar da sobrinha de cinco anos que presenciou o crime, criticou a falta de ação do estado e enfatizou a importância de as mulheres buscarem ajuda e não se silenciarem diante da violência. O levantamento de 2025 também revelou que o Rio Grande do Sul lidera em descumprimentos de medidas protetivas, com quase 12 mil registros em 2024, o que equivale a 106,1 casos a cada 100 mil mulheres, mais que o dobro da média nacional. A pesquisadora Isabella Matosinhos destacou que as medidas protetivas, embora sejam uma ferramenta importante, não têm sido suficientes para prevenir a violência contra a mulher no estado.