Um estudo recente revela que a renda dos super-ricos no Brasil aumentou em média 66,9% após a pandemia de Covid-19, evidenciando uma crescente concentração de riqueza. Entre 2017 e 2023, o grupo dos 0,1% mais ricos viu seus rendimentos crescerem a uma taxa média de 6,9% ao ano, em contraste com o avanço de apenas 1,4% para a média da população. Essa situação levanta preocupações sobre a desigualdade social e econômica no país.
O economista Sérgio Gobetti, coautor do estudo, destaca que o crescimento dos rendimentos no topo pode ser atribuído à inflação pós-pandemia e ao aumento dos lucros corporativos. Ele enfatiza a urgência de uma reforma tributária que inclua a taxação de lucros e dividendos, atualmente isentos do Imposto de Renda da Pessoa Física (IRPF). O estudo também aponta que a concentração de renda é particularmente acentuada no agronegócio, onde os rendimentos dos produtores aumentaram significativamente.
As implicações desse crescimento da renda entre os super-ricos são profundas, especialmente em um momento em que o governo brasileiro discute a introdução de uma taxa mínima do IRPF para rendas acima de R$ 600 mil. Gobetti alerta que apenas uma fração dos super-ricos seria afetada pela nova legislação proposta, o que levanta questões sobre a eficácia das políticas tributárias atuais em lidar com a desigualdade crescente. A análise sugere que mudanças significativas são necessárias para abordar as disparidades econômicas no Brasil.