Entre 2017 e 2023, a parcela de 0,1% mais rica da população brasileira experimentou um crescimento de renda cinco vezes superior ao da média nacional. Composta por cerca de 160 mil pessoas, essa elite viu sua renda real aumentar em 6,9%, enquanto a média dos brasileiros cresceu apenas 1,4%. O estudo realizado pelo FiscalData destaca que essa concentração de riqueza ocorreu em um contexto de baixo crescimento econômico, onde a renda mensal média do grupo é de R$ 516 mil, em contraste com os R$ 3,4 mil da média nacional.
Os economistas Frederico Nascimento Dutra, Priscila Kaiser Monteiro e Sérgio Gobetti, responsáveis pela pesquisa, apontam que a concentração de renda se intensificou mesmo com o crescimento modesto da economia brasileira. Eles observam que o aumento dos lucros de grandes empresários e exportadores, impulsionado pela inflação e pelos preços internacionais de commodities, contribuiu para essa disparidade. O estudo contrasta com dados do IBGE, que indicam uma redução na diferença entre rendimentos, sugerindo que as pesquisas domiciliares podem subestimar a renda no topo da pirâmide.
Os pesquisadores concluem que as políticas assistenciais têm sido insuficientes para enfrentar a crescente desigualdade e defendem uma abordagem mais abrangente para medir a distribuição de renda no Brasil. Eles ressaltam a importância de combinar dados do Imposto de Renda com informações da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) para obter um retrato mais fiel da realidade econômica do país. A análise sugere que o Brasil se tornou mais desigual nos últimos anos, exigindo atenção urgente das autoridades e formuladores de políticas públicas.