Em 1977, a artista plástica Fabiana de Barros vasculhava negativos de fotografias de seu pai, o fotógrafo e designer paulista Geraldo de Barros, quando reencontrou a série Fotoformas, criada entre 1948 e 1950. Com um caráter experimental e vanguardista, as imagens combinam múltiplas exposições e desenhos sobre negativos. Expostas em 1951 no Museu de Arte de São Paulo (Masp), essas obras caíram em um limbo até serem recuperadas nos anos 90, quando parte delas foi exibida no Musée de l’Elysée, na Suíça.
Geraldo de Barros enfrentou limitações físicas após isquemias cerebrais, mas o renovado interesse por sua obra o motivou a criar uma nova série chamada Sobras em 1996. Essa série é composta por montagens de negativos de suas férias em Campos do Jordão, na Argentina e na Europa, feitas com a ajuda da fotógrafa Ana Moraes. Apesar dos desafios técnicos na impressão das imagens, o trabalho resultou em uma coleção significativa que ainda aguarda uma exibição completa.
Recentemente, as 249 placas de vidro da série Sobras foram copiadas para papel fotográfico pelo Instituto Moreira Salles, que também preserva os negativos das Fotoformas. Embora apenas uma parte das Sobras tenha sido exibida ao público, a obra é considerada radical e brutalista por Fabiana de Barros, destacando a relevância contínua do legado artístico de seu pai e sua influência na fotografia contemporânea.