Mudanças geopolíticas recentes estão redefinindo o equilíbrio de poder global, promovendo uma reaproximação entre Rússia e Estados Unidos, conforme análise de Alberto Pfeifer, coordenador do grupo de Análise de Estratégia Internacional da Universidade de São Paulo (USP). O enfraquecimento do regime teocrático iraniano, considerado um parceiro central para Rússia e China, é visto como o principal catalisador desse novo arranjo, que altera o tabuleiro da Eurásia e recoloca Moscou no centro das preocupações ocidentais.
Pfeifer explica que os ataques às instalações nucleares iranianas e suas lideranças removeram um aliado crucial para os russos na guerra contra a Ucrânia. Ele observa que a Rússia, que anteriormente se inclinava para a esfera de influência da China, agora demonstra interesse em se aproximar dos Estados Unidos, uma mudança percebida pelo presidente americano Donald Trump desde o início de seu mandato.
Apesar do isolamento da Rússia devido à invasão da Ucrânia e às sanções impostas, Pfeifer considera que um encontro entre Putin e Trump foi uma vitória para o líder russo, reafirmando a importância da Rússia como um ator relevante no cenário internacional. O especialista também alerta que o Brasil deve estar atento a essas dinâmicas geopolíticas para evitar vinculações que possam ser contestadas pela hegemonia dos Estados Unidos na região.