A Justiça australiana multou a Qantas Airways em AU$ 90 milhões (cerca de R$ 316,2 milhões) nesta segunda-feira, 18, pela demissão ilegal de mais de 1.800 funcionários de solo no início da pandemia de covid-19. O juiz Michael Lee, do Tribunal Federal Australiano, considerou a terceirização de 1.820 cargos de carregadores de bagagem e faxineiros em aeroportos australianos a “maior e mais significativa violação” das leis trabalhistas do país em seus 120 anos de história. Além da multa atual, a Qantas já havia concordado em pagar AU$ 120 milhões (R$ 421,5 milhões) em indenização a ex-funcionários após uma decisão unânime do Tribunal Superior que considerou a terceirização ilegal.
O Sindicato dos Trabalhadores em Transportes, que levou a companhia aérea à Justiça, argumentou que a multa deveria ser ainda maior. O juiz Lee determinou que a multa mínima necessária para dissuasão seria de AU$ 90 milhões, ressaltando que os executivos da Qantas esperavam economizar AU$ 125 milhões (R$ 439,2 milhões) anualmente com a terceirização. Ele questionou a sinceridade do pedido de desculpas da Qantas, observando que a empresa tentou negar indenizações aos ex-funcionários, apesar de expressar arrependimento publicamente.
A presidente-executiva da Qantas, Vanessa Hudson, pediu desculpas aos funcionários afetados e reconheceu as dificuldades causadas pela decisão de terceirizar. O juiz Lee destinou AU$ 50 milhões (R$ 175,7 milhões) da multa ao sindicato, destacando seu papel crucial na responsabilização da companhia. Michael Kaine, secretário nacional do sindicato, considerou a decisão um marco na história trabalhista australiana e um aviso claro para empregadores sobre as consequências de tratar funcionários ilegalmente.