O governo brasileiro enfrenta crescente pressão internacional devido aos altos preços e à escassez de vagas em hotéis em Belém, onde será realizada a COP30 em novembro. Especialistas alertam que a situação pode inviabilizar a presença de países em desenvolvimento, que são os mais afetados pelas mudanças climáticas e possuem orçamentos limitados para hospedagem. André Corrêa do Lago, presidente da COP30, enfatizou a necessidade de garantir a participação dessas nações para manter a legitimidade do evento.
Os preços das diárias em Belém chegam a ser até dez vezes superiores ao valor médio praticado, com acomodações custando até US$ 700. O governo do Pará, liderado por Helder Barbalho, afirmou que está buscando soluções para aumentar a oferta de hospedagem, mas não pode intervir nos preços. Recentemente, a ONU realizou uma reunião de emergência para discutir a situação, e 25 países, incluindo membros do bloco dos Países Menos Desenvolvidos, enviaram uma carta expressando suas preocupações.
A falta de acesso a hospedagem adequada pode resultar na diminuição das delegações desses países, o que, segundo Márcio Astrini, secretário-executivo do Observatório do Clima, comprometeria a discussão de resoluções importantes na conferência. O governo havia prometido uma plataforma com opções de hospedagem a preços acessíveis, mas a média encontrada é superior a US$ 300, o que não atende às necessidades dos países em desenvolvimento, que buscam diárias limitadas a US$ 70.
Além dos países em desenvolvimento, a situação pode afetar a participação de organizações da sociedade civil e especialistas, levando a um possível esvaziamento do evento. A COP30, que visa discutir ações contra as mudanças climáticas, corre o risco de perder a diversidade de vozes necessárias para um debate abrangente e eficaz.