A busca ilegal por ouro no Brasil, uma prática que remonta ao período imperial, continua a provocar devastação ambiental significativa. De janeiro a agosto de 2023, a Polícia Federal (PF) deflagrou 45 operações para combater o garimpo ilegal, com foco nas regiões Norte e Centro-Oeste, onde criminosos frequentemente migram para escapar da fiscalização. O delegado Renato Madsen, coordenador-geral de Proteção da Amazônia, do Meio Ambiente e do Patrimônio Histórico e Cultural, alerta que a exploração não apenas desmata florestas, mas também contamina o solo e a fauna local com mercúrio, afetando comunidades indígenas e ribeirinhas.
Madsen explica que as áreas críticas para o garimpo ilegal incluem o Sul do Pará e a terra indígena Sararé, no Mato Grosso, que são visadas por sua riqueza mineral. A PF adota duas frentes de combate: o policiamento ostensivo, que visa prender criminosos em flagrante e destruir equipamentos de mineração, e investigações para identificar os financiadores dessas atividades ilegais. O impacto ambiental é profundo, com a destruição de habitats naturais e a contaminação de recursos hídricos, o que demanda um esforço contínuo para restaurar as áreas afetadas.
Além das ações repressivas, a PF busca recuperar os bens obtidos de forma ilícita pelos garimpeiros. Madsen ressalta que a recuperação ambiental é um processo complexo, mas possível, uma vez que a natureza tende a se regenerar quando as atividades de garimpo são interrompidas. O desafio permanece em equilibrar a proteção ambiental com a repressão ao crime organizado que se beneficia da exploração ilegal dos recursos naturais do Brasil.