Na manhã de sexta-feira, 1.º de setembro, a mesa 8 da Festa Literária Internacional de Paraty (Flip) 2025 reuniu as poetas Alice Ruiz, Claudia Roquette-Pinto e Marília Garcia, mediadas por Fernando Luna. O encontro, que não se limitou a ser uma "mesa de poesia feminina", abordou a evolução da poesia escrita por mulheres, destacando as convergências e divergências entre três gerações de poetas. O evento atraiu um público expressivo, evidenciando o crescente interesse pela produção literária feminina.
Alice Ruiz, emocionada, comentou sobre a importância de participar da Flip no ano em que o poeta Paulo Leminski é homenageado, ressaltando a relevância de seu trabalho e sua conexão pessoal com ele. "Espero não ter sido indelicada. É porque isso é o inferno da minha geração", afirmou, referindo-se às expectativas sociais sobre a expressão emocional das mulheres. A poética de Leminski, segundo Alice, é um legado que ela e suas filhas valorizam profundamente.
Durante a conversa, as poetas discutiram a presença do erotismo em suas obras, com Alice citando influências como Clarice Lispector e Gilka Machado. Claudia Roquette-Pinto, por sua vez, destacou a evolução do espaço para a poesia feminina, lembrando que, nos anos 1990, enfrentou críticas que a comparavam a poetas masculinos. "Nunca vi uma Flip com tantas poetas. Isso a gente deve a essas pioneiras", comentou Claudia, enfatizando a importância do reconhecimento das vozes femininas na literatura.
Marília Garcia acrescentou que a poesia é uma construção coletiva e que atualmente há uma diversidade maior de vozes. Ao final da mesa, Alice Ruiz recitou um trecho de seu poema "Milagrimas", encerrando com a linha "a cada mil lágrimas sai um milagre", o que gerou uma ovada de pé do público presente, simbolizando a celebração da poesia feminina na Flip 2025.