Pesquisadores do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) têm enfrentado ameaças de grileiros nos últimos dias em Santo Antônio do Descoberto, Goiás, enquanto realizam estudos para o reconhecimento oficial da área quilombola conhecida como Antinha dos Pretos. Este trabalho é parte de um processo que busca comprovar a identidade quilombola da comunidade, que luta por seus direitos desde a década de 1940. Recentemente, a Fundação Cultural Palmares certificou a comunidade como remanescente quilombola, mas uma decisão judicial anterior determinou a desocupação de imóveis na região, resultando em mais de 1.600 pessoas obrigadas a deixar suas casas.
A disputa pela posse da terra remonta a 1945, quando Francisco Apolinário Viana solicitou a separação das terras. Desde então, diversos conflitos judiciais ocorreram, intensificando-se a partir de 2014, com pedidos de desocupação que culminaram em ações violentas contra os moradores. O primo do governador de Goiás, Breno Boss Caiado, está envolvido no processo, levantando suspeitas sobre manipulação de documentos e grilagem. A comunidade denuncia a falta de apoio do Ministério Público de Goiás e continua lutando para permanecer em suas terras ancestrais.
Com a certificação quilombola publicada em agosto, o Incra iniciou a regularização fundiária e acionou a Advocacia-Geral da União para suspender o despejo e transferir o caso para a Justiça Federal. A decisão judicial trouxe repercussões políticas, com acusações contra a família Caiado por envolvimento em grilagem. Apesar das intervenções legais, os moradores enfrentam um cenário de ameaças e insegurança, reafirmando sua determinação em reivindicar o direito à terra que ocupam há mais de 80 anos.