Uma pesquisa do RCGI (Centro de Pesquisa para Inovação em Gases de Efeito Estufa) indica que a diversificação e intensificação de espécies vegetais pode mais que dobrar a taxa de fixação de carbono no solo. O estudo, realizado ao longo dos últimos dois anos, demonstra que essa prática não apenas contribui para a captura de dióxido de carbono (CO₂), mas também oferece benefícios duradouros para a produção agrícola.
Liderado por Cimélio Bayer, da UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul), o trabalho faz parte do projeto "Melhorando o manejo da pastagem como Solução Baseada na Natureza para sequestro de carbono no solo no Brasil", coordenado por professores da Esalq-USP. O programa visa desenvolver soluções tropicais para reduzir as emissões de gases de efeito estufa na agricultura, utilizando técnicas como restauração de vegetação nativa e manejo adequado de pastagens.
Os resultados, obtidos em áreas experimentais no Cerrado e nos Pampas, mostram um aumento significativo na fixação de carbono ao diversificar as espécies plantadas, superando 0,6 tonelada por hectare/ano. A pesquisa também revelou que a capacidade de retenção de carbono se mantém por 30 a 40 anos após a adoção de sistemas conservacionistas de manejo, desafiando a expectativa anterior de um limite de 20 anos.
Os pesquisadores estão atualmente avaliando o impacto desse acúmulo de carbono na produtividade agrícola, investigando como o aumento da matéria orgânica melhora a retenção de água e a disponibilidade de nutrientes. Além disso, estão analisando a contribuição das partes aéreas e raízes das plantas na fixação de carbono, utilizando isótopos para um estudo mais detalhado.