O pastor Felippe Valadão, líder da Igreja Batista de Lagoinha, enfrenta uma audiência de instrução e julgamento marcada pelo Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) para esta quinta-feira, 21 de agosto. Ele é acusado de intolerância religiosa após fazer declarações ofensivas contra praticantes de religiões afro-brasileiras durante um show em Itaboraí, na região metropolitana do estado, em 2022. Durante a apresentação, Valadão chamou fiéis de “endemoniados” e ameaçou fechar centros de umbanda na cidade.
A Ação Civil Pública, que pede R$ 300 mil em indenização por danos morais coletivos, foi motivada por denúncias do deputado estadual Carlos Minc (PSB-RJ), que enviou representações ao MPRJ e à Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi). Minc criticou as declarações do pastor, afirmando que ele agiu como um “anticristo” e ressaltou a importância do respeito ao Estado laico. O processo tramita na 2ª Vara Cível de Itaboraí, e a Prefeitura local reconheceu a responsabilidade pelo evento realizado com recursos públicos.
Em depoimento, Valadão alegou que suas palavras foram descontextualizadas e que visavam defender sua própria religião. No entanto, a delegada Rita de Cássia Salim Tavares confirmou a veracidade do vídeo e a prática de intolerância religiosa. O caso destaca a crescente preocupação com a discriminação religiosa no Brasil, onde o Rio de Janeiro registrou 499 denúncias no último ano, segundo dados do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania.