Pangroti Kayapó, de 60 anos, e sua neta Nhaikapep, de 22, viajaram mais de 32 horas de ônibus de São Félix do Xingu (AM) até Brasília (DF) para participar da 1ª Conferência Nacional das Mulheres Indígenas, que teve início na noite de segunda-feira (4). O evento reúne cerca de cinco mil mulheres indígenas de diversas regiões do Brasil, com o objetivo de discutir os desafios enfrentados por suas comunidades, especialmente em relação ao garimpo ilegal e à contaminação dos rios que afetam seu modo de vida.
Durante a conferência, as participantes têm a oportunidade de denunciar as ameaças que suas comunidades enfrentam. Pangroti, que se comunica em seu idioma nativo, expressou por meio de sua neta o desejo de proteção para a natureza e a cultura indígena. Nhaikapep destacou a contaminação dos rios Fresco, Iriri e Xingu, que impacta diretamente a saúde e o bem-estar das comunidades kayapó.
A abertura do evento contou com a presença de cinco ministras de Estado, que discutiram políticas de proteção às mulheres indígenas e abordaram o Projeto de Lei (PL) 2.159/21, que visa flexibilizar o licenciamento ambiental no Brasil. A ministra Sônia Guajajara enfatizou que o projeto pode fragilizar a luta indígena e destacou a necessidade de políticas públicas que garantam a segurança e a dignidade das mulheres em suas terras.
Além disso, a presidente da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), Joênia Wapichana, ressaltou a importância de fortalecer as políticas de proteção às mulheres indígenas no planejamento orçamentário do país. A ministra Marina Silva também reconheceu os desafios ambientais enfrentados pelas mulheres indígenas, que, segundo ela, são as mais prejudicadas em relação à destruição ambiental, apesar de serem as que menos contribuem para isso.