Um estudo conduzido por cientistas do Instituto de Geociências da Universidade de São Paulo (IGc-USP) e do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) revela que as mudanças climáticas podem comprometer a recarga dos aquíferos no Brasil. Publicada no periódico Environmental Monitoring and Assessment, a pesquisa indica que a capacidade de renovação dos reservatórios subterrâneos deve ser drasticamente reduzida, especialmente nas regiões Sudeste e Sul, aumentando o risco de escassez hídrica.
Os pesquisadores utilizaram um modelo de balanço hídrico para analisar os impactos de diferentes cenários climáticos até 2100. Os resultados mostram que o país pode enfrentar aumentos de temperatura entre 1,02 °C e 3,66 °C, além de uma distribuição desigual das chuvas. Ricardo Hirata, professor do IGc-USP e autor do estudo, destaca que mesmo em regiões onde a quantidade total de chuvas não deve variar muito, haverá mudanças significativas nos padrões de precipitação, com verões mais chuvosos e períodos secos prolongados.
Diante desse cenário alarmante, o estudo enfatiza a necessidade de políticas públicas que considerem a importância dos aquíferos na gestão hídrica do país. Apesar de serem uma fonte vital para mais da metade da população brasileira, a água subterrânea tem sido negligenciada nas discussões sobre mudanças climáticas. A pesquisa sugere que estratégias como a recarga manejada dos aquíferos podem ser essenciais para mitigar os efeitos da crise hídrica que se aproxima.