A organização não governamental Médicos Sem Fronteiras (MSF) divulgou um relatório que denuncia a violência direcionada e indiscriminada contra palestinos em locais de distribuição de alimentos na Faixa de Gaza. O documento, que compila dados clínicos e depoimentos de pacientes e profissionais de saúde, foi elaborado com informações coletadas entre 7 de junho e 24 de julho, revelando que 1.380 vítimas, incluindo 28 mortos, foram atendidas nas clínicas de Al-Mawasi e Al-Attar, próximas a esses pontos de distribuição administrados pela Fundação Humanitária de Gaza (GHF).
O relatório, intitulado "Não é ajuda, é um massacre orquestrado", pede o fim imediato das operações da GHF e a restauração do mecanismo de entrega de ajuda humanitária coordenado pela Organização das Nações Unidas (ONU). A MSF também solicita que governos, especialmente os Estados Unidos, suspendam o apoio financeiro e político à GHF, que, segundo a ONG, transformou os locais de distribuição em armadilhas mortais.
Entre os atendidos, estavam 71 crianças com ferimentos à bala, sendo 25 delas com menos de 15 anos. Os relatos incluem casos de crianças baleadas enquanto tentavam coletar alimentos e pessoas mortas em tumultos. Raquel Ayora, diretora-geral da MSF, afirmou que os locais de distribuição se tornaram "laboratórios de crueldade" e enfatizou a necessidade urgente de acabar com essa situação.
A análise dos ferimentos indica que os ataques são intencionais, com padrões distintos que sugerem uma ação deliberada contra civis. Desde maio, a resposta humanitária liderada pela ONU foi substituída por um esquema militarizado de distribuição de alimentos operado pela GHF, sob controle total de Israel e com segurança privada armada. A MSF continua a relatar níveis alarmantes de violência sistemática contra civis desarmados na região.