Uma minuta de 33 páginas encontrada no celular do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) sugere que ele poderia ter solicitado asilo político ao governo da Argentina. O documento, que pedia urgência na análise pelo presidente Javier Milei, foi discutido pela doutora em Direito Internacional Priscila Caneparo em entrevista ao Agora CNN. Apesar da revelação, tanto o governo argentino quanto a defesa de Bolsonaro negaram a existência de um pedido oficial.
Caneparo explicou que o asilo político, que se refere a perseguições ideológicas ou políticas, difere do refúgio, que está relacionado a questões de raça ou religião. Para que um pedido de asilo seja efetivado, o solicitante deve estar fisicamente em uma embaixada do país ao qual solicita, o que se torna inviável para Bolsonaro devido às medidas cautelares impostas pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF. Mesmo que a Argentina decidisse conceder asilo, seria necessária autorização do Brasil para que Bolsonaro pudesse deixar o país.
A descoberta da minuta pode justificar as restrições impostas a Bolsonaro e tem implicações nas relações internacionais. Um eventual aceite do pedido de asilo pela Argentina poderia fortalecer a posição de Javier Milei na direita mundial, mas também geraria críticas sobre impunidade. A situação lembra o caso de Cesare Battisti durante o governo Lula, que gerou controvérsias diplomáticas significativas na época.