O Ministério da Saúde do Brasil está em busca de uma parceria com o Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO) e a Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica Ocular para padronizar as intervenções necessárias ao controle do tracoma, uma doença inflamatória ocular. A proposta inclui a normatização de procedimentos cirúrgicos relacionados à triquíase tracomatosa, uma condição grave que pode resultar em sequelas significativas. Em entrevista à Agência Brasil, Maria de Fátima Costa Lopes, consultora técnica da Coordenação-Geral de Hanseníase e Doenças em Eliminação do ministério, destacou que a parceria abrangerá técnicas cirúrgicas, avaliação de pacientes e capacitação de oftalmologistas em regiões remotas.
A proposta do governo federal visa unir esforços com o CBO e os cirurgiões plásticos oculares para controlar a incidência do tracoma e buscar a validação da eliminação dessa doença como um problema de saúde pública pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Filipe Pereira, presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica Ocular, enfatizou a necessidade de um trabalho conjunto para mapear a situação atual do tracoma no Brasil, já que dados precisos sobre a doença são escassos. Ele ressaltou a importância de identificar médicos credenciados no Sistema Único de Saúde para facilitar atendimentos e cirurgias corretivas.
Vilma Lelis, presidente do CBO, ressaltou que a criação de uma rede de oftalmologistas deve considerar as peculiaridades do acesso aos pacientes, que estão majoritariamente em aldeias indígenas. A dificuldade de diagnóstico e tratamento nessas áreas é um desafio que está sendo discutido para garantir um atendimento eficiente. À medida que mais dados forem coletados, espera-se obter uma melhor compreensão da prevalência do tracoma no Brasil e das complicações associadas à doença.

