A médica quilombola Lígia Fonseca deu início à sua carreira no Hospital de Caridade São Pedro de D’Alcântara, em Goiás, local onde sua avó trabalhou na limpeza por quase duas décadas. Aos 27 anos, Lígia se torna a primeira médica quilombola da cidade, simbolizando uma trajetória de superação e orgulho por suas raízes. “O lugar que eu ocupo hoje não é fácil. Eu me emociono muito em saber que a minha avó trabalhou aqui em um serviço que é mais desvalorizado”, declarou a jovem, ressaltando a importância de sua história familiar.
Lígia, que se formou em medicina por meio de cotas para quilombolas na Universidade Federal de Catalão (UFJ), enfrentou diversos desafios ao longo de sua trajetória acadêmica. Ela compartilha que, ao ingressar na faculdade, houve um aumento significativo na presença de estudantes pretos e pardos, mas ainda assim, esse grupo representa apenas 27% do total de ingressos em universidades públicas no Brasil. “Esse momento não é só sobre me tornar médica. É um símbolo de luta e esperança para muitos”, afirmou.
A chegada de Lígia ao hospital é celebrada como uma conquista não apenas pessoal, mas coletiva, representando a luta por equidade na saúde. A Secretária de Igualdade e Equidade Étnico-Racial da Prefeitura de Goiás destacou a importância de reconhecer as contribuições históricas das comunidades negras e indígenas para a cidade. Lígia inspira novas gerações a ocupar espaços antes inacessíveis e a reivindicar seus direitos, promovendo uma mudança significativa na percepção da medicina e do cuidado com as pessoas.