A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, declarou ao Financial Times que a nova legislação ambiental aprovada pelo Congresso pode representar "o maior retrocesso potencial" na proteção ambiental do Brasil em 40 anos. A ministra enfatizou que o mundo necessita de mais proteção ambiental, não menos, em uma entrevista que destaca a urgência da questão.
O projeto, que recebeu forte apoio da bancada ruralista e foi aprovado rapidamente antes do recesso parlamentar, permite a aprovação acelerada de projetos estratégicos e a autodeclaração de impacto ambiental por proponentes, incluindo empreendimentos agropecuários. Marina Silva ressaltou que o Brasil já demonstrou ser possível desenvolver e proteger o meio ambiente simultaneamente.
Com a COP30 agendada para novembro em Belém, a ministra expressou preocupação com o impacto da nova lei na imagem internacional do Brasil. Ela mencionou que a legislação pode conflitar com os compromissos ambientais do país, especialmente no contexto do acordo Mercosul-UE. Em vez de recomendar um veto presidencial, Marina indicou que o governo buscará modificar o texto até 8 de agosto e negociar um novo projeto com o Congresso, destacando a importância do diálogo.
Marina também alertou sobre a ilusão de que projetos como a exploração de petróleo na foz do Amazonas possam avançar sem um licenciamento rigoroso, afirmando que não há base legal para tais iniciativas. Além disso, a ministra observou que o desmatamento por fogo já supera o por corte raso, refletindo os efeitos das mudanças climáticas na floresta. Apesar dos desafios, ela expressou confiança no compromisso do presidente Lula com metas climáticas mais ambiciosas.