O presidente Luiz Inácio Lula da Silva reconduziu Paulo Gonet ao cargo de procurador-geral da República nesta quarta-feira, em um momento crítico que antecede o julgamento de Jair Bolsonaro por suposta participação em um golpe de Estado. A decisão foi selada durante uma reunião no Planalto, onde Gonet deve passar por nova sabatina no Senado para confirmar sua recondução, necessitando de pelo menos 41 votos favoráveis. Em 2023, ele obteve 65 votos na sabatina anterior.
A antecipação da recondução de Gonet é interpretada como um sinal de apoio de Lula à sua atuação, que tem sido discreta nas investigações envolvendo políticos. Gonet denunciou Bolsonaro e outras 33 pessoas em fevereiro deste ano, acusando-os de envolvimento em um plano golpista após as eleições de 2022. Em julho, ele apresentou alegações finais ao Supremo Tribunal Federal, defendendo a condenação do ex-presidente por cinco crimes, destacando a sistemática incitação à insurreição e a desestabilização do Estado Democrático.
A recondução de Gonet pode ter implicações significativas para o cenário político e judicial brasileiro, especialmente considerando seu papel nas investigações sobre os ataques golpistas de 8 de janeiro e outras denúncias que afetaram membros do governo atual. A escolha de Lula em ignorar a lista tríplice da associação de procuradores ao nomear Gonet também reflete uma estratégia para evitar o corporativismo dentro do Ministério Público Federal, o que pode gerar reações tanto no Judiciário quanto na política.