Nesta terça-feira (5), véspera do início da cobrança de uma sobretaxa sobre produtos brasileiros exportados para os Estados Unidos, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que não se engajará pessoalmente em negociações com o presidente Donald Trump. A declaração foi feita durante reunião do Conselho de Desenvolvimento Econômico Social Sustentável, onde representantes do setor produtivo expressaram preocupações sobre os impactos das tarifas nas exportações e no emprego no Brasil.
O 'Conselhão', que reúne membros da sociedade civil, movimentos sociais, trabalhadores e empresários, manifestou apoio ao governo na defesa da soberania nacional. No entanto, o presidente da Fiesp, Josué Gomes, enfatizou a necessidade de uma resposta do governo diante da iminente aplicação das tarifas. Ele alertou sobre a urgência da situação, mencionando que o Brasil enfrenta uma "agressão injusta" de uma potência que historicamente foi admirada pelo país.
As tensões aumentaram após Trump ameaçar uma tarifa de 50% sobre todas as exportações brasileiras a partir de 1º de agosto. Apesar de o governo brasileiro ter manifestado interesse em negociar, as conversas ainda não avançaram. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciou que teria um encontro com o secretário do Tesouro americano, mas até o momento não há uma data definida para essa reunião. O vice-presidente Geraldo Alckmin reiterou a importância do diálogo e a necessidade de apoiar o setor produtivo frente à ameaça das tarifas.
O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, informou que, devido às negociações, cerca de 700 produtos foram excluídos da tarifa de 50%, e a implementação foi prorrogada para o dia 6 de agosto. Apesar disso, quase 36% das exportações brasileiras continuam sob risco, e o governo busca alternativas para mitigar os efeitos da medida.