O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou nesta sexta-feira (29), durante visita a Minas Gerais, que não tem pressa em aplicar retaliações ao tarifaço de 50% decretado pelos Estados Unidos contra exportações brasileiras. Na quinta-feira (28), o petista havia determinado que o Itamaraty acionasse a Câmara de Comércio Exterior (Camex) para iniciar a análise da aplicação da Lei da Reciprocidade. ‘Esse é um processo que é um pouco demorado. Eu não tenho pressa em fazer a reciprocidade com os EUA, porque quero negociar. Se o Trump quiser negociar, o ‘Lulinha paz e amor’ está de volta’, declarou ele em entrevista à rádio Itatiaia.
Lula reforçou ainda que não deseja ‘guerra com os Estados Unidos’, mas busca ‘a verdade acima da mesa: mais de 73% dos produtos americanos que entram aqui não pagam imposto’. Questionado sobre um possível encontro com Donald Trump em setembro, durante a Assembleia Geral da ONU, ele respondeu: ‘Olha, vai depender dele (Trump). Eu vou estar no mesmo espaço que ele’. Para demonstrar disposição ao diálogo, o presidente brasileiro destacou que designou nomes considerados moderados do governo para a interlocução com o governo republicano.
Ele mencionou que colocou seu vice-presidente, Geraldo Alckmin (PSB), seu ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), e seu ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, como negociadores. Até agora, segundo Lula, não houve progresso nas conversas, e ele criticou o deputado Eduardo Bolsonaro (PL), chamando-o de ‘traidor da pátria’, após o cancelamento de uma reunião entre Haddad e o secretário do Tesouro americano, Scott Bessent, que se encontrou com Bolsonaro em vez disso.