O JPMorgan avaliou nesta terça-feira (26) que a tentativa do presidente Donald Trump de demitir Lisa Cook, integrante do conselho do Federal Reserve (Fed), representa um ponto de inflexão no embate entre a Casa Branca e o banco central. Em análise assinada por Michael Feroli, economista-chefe para os EUA, o banco destaca que a medida pode abrir espaço para uma “transformação profunda” na estrutura de poder da instituição. Segundo Feroli, embora não esteja claro se Trump terá sucesso, o movimento é “significativo” porque criaria a segunda vaga aberta no conselho em menos de um mês e poderia permitir ao presidente direcionar a composição do Fed de forma mais alinhada a seus interesses. As consequências dessa demissão podem ser graves, pois, em fevereiro de 2026, o conselho do Fed terá de revalidar os mandatos dos 12 presidentes regionais, processo que ocorre a cada cinco anos. Se os dois assentos vagos forem preenchidos por aliados de Trump, esses indicados poderiam alinhar-se com Christopher Waller e Michelle Bowman, dois votos dissidentes da última reunião, promovendo a substituição de todos os presidentes regionais e remodelando o Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc). O JPMorgan observa que, apesar da ampliação do poder presidencial para demitir dirigentes de agências independentes, a Suprema Corte parece ter estabelecido uma exceção para o Fed. O advogado de Cook sinalizou que ela contestará a demissão na Justiça, e espera-se que a disputa chegue à Suprema Corte, podendo se arrastar por meses.