Dados da inteligência militar israelense indicam que 83% dos palestinos mortos em Gaza desde o início da ofensiva militar, em outubro de 2023, são civis. A investigação, conduzida pelo The Guardian em parceria com o +972 Magazine e o Local Call, revela que 8,9 mil militantes foram contabilizados entre as vítimas, correspondendo a apenas 17% do total de fatalidades registradas pelas autoridades de saúde palestinas. O ministério da Saúde de Gaza, administrado pelo Hamas, reporta ao menos 53 mil mortos no mesmo período, sugerindo que cinco em cada seis vítimas eram civis.
A análise aponta que tal índice de fatalidades civis não era observado desde genocídios históricos, como o de Ruanda em 1994 e o massacre de Srebrenica em 1995. Especialistas destacam que o caráter urbano do conflito contribui para o elevado número de civis atingidos, além de denúncias de palestinos baleados enquanto aguardavam ajuda humanitária. O governo israelense justifica suas ações como defesa contra o Hamas, que é classificado como organização terrorista por diversos países, incluindo os Estados Unidos e a União Europeia.
As Forças de Defesa de Israel (FDI) não contestaram diretamente os dados sobre mortes de membros do Hamas, mas afirmaram que os números apresentados estão incorretos sem especificar quais informações seriam essas. Críticos da estratégia militar israelense argumentam que ela resulta em deslocamento forçado da população palestina e carece de objetivos militares defensivos claros. O alto número de mortos e a crise humanitária em Gaza levantam preocupações sobre possíveis acusações de genocídio, que o governo israelense nega veementemente.