A menos de uma semana das eleições presidenciais de 2022, o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) conduziu uma operação irregular que permitiu à Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag) descontar mensalidades de mais de 30 mil aposentados e pensionistas sem que eles tivessem solicitado. Essa manobra ocorreu em um momento crítico, quando o presidente Jair Bolsonaro estava atrás do candidato Luiz Inácio Lula da Silva nas pesquisas, e foi autorizada por meio de um desbloqueio em lote de benefícios previdenciários, violando as regras da previdência e a legislação federal, conforme detalha um relatório da Auditoria-Geral do INSS obtido pela revista piauí.
O relatório revela que o pedido da Contag chegou ao INSS em 13 de setembro de 2022, e o desbloqueio dos benefícios foi solicitado à Dataprev apenas 13 dias depois, quatro dias antes do primeiro turno das eleições. A auditoria destacou a ausência de justificativa técnica para essa ação, além de apontar que não houve a autorização prévia dos aposentados, como exige o Regulamento da Previdência Social. O episódio é semelhante a uma situação ocorrida no governo Lula em novembro de 2023, levantando questões sobre a continuidade de práticas irregulares na gestão do INSS.
As evidências apresentadas pela Auditoria-Geral podem alterar a linha do tempo das irregularidades sob investigação na Operação Sem Desconto, levando a Polícia Federal a investigar a cúpula do INSS durante o governo Bolsonaro. A situação destaca não apenas as falhas administrativas, mas também as implicações políticas que podem surgir em um contexto eleitoral tenso, onde a confiança nas instituições é fundamental para o processo democrático.