Em julho de 2023, a taxa de inadimplência no Brasil alcançou 30,2%, o maior índice desde setembro do ano passado, conforme dados da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). O aumento foi registrado em meio à taxa básica de juros elevada, que se mantém em 15% ao ano, impactando diretamente a capacidade de pagamento das famílias brasileiras.
A Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic) revelou que 12,7% das famílias endividadas afirmaram não ter condições de quitar suas dívidas, um aumento de 0,2 ponto percentual em relação ao mês anterior. Além disso, o endividamento se manteve estável em 78,5%, enquanto o prazo para pagamento das dívidas continua a diminuir, com 31,5% das contas ultrapassando um ano de atraso.
O cartão de crédito permanece como o principal meio de endividamento, atingindo 84,5% das famílias, embora tenha apresentado uma leve queda em relação ao ano anterior. Os carnês, por sua vez, estão se tornando cada vez mais populares, representando 16,8% das dívidas. O economista-chefe da CNC, Fábio Bentes, destacou que as famílias estão buscando formas de crédito mais previsíveis e menos onerosas, refletindo uma maior conscientização sobre o uso do crédito.
A pesquisa também aponta que 47,5% dos inadimplentes têm contas em atraso há mais de 90 dias, evidenciando a gravidade da situação financeira de muitos brasileiros. O presidente do Sistema CNC-Sesc-Senac, José Roberto Tadros, alertou que o aumento da inadimplência e a estagnação do endividamento indicam que os consumidores estão no limite de sua capacidade de contrair novas dívidas.