O governo dos Estados Unidos, sob a administração de Donald Trump, anunciou nesta terça-feira, 5, a suspensão de um financiamento de US$ 500 milhões (aproximadamente R$ 2,7 bilhões) destinado ao desenvolvimento de vacinas contra vírus respiratórios, incluindo a gripe e a covid-19. A decisão foi comunicada pelo secretário Robert Kennedy Jr., que classificou os estudos como "problemáticos". Entre os 22 projetos afetados, estão a vacina contra a gripe aviária da Moderna e propostas de grandes farmacêuticas como Pfizer e Sanofi.
Especialistas alertam que essa medida pode comprometer a capacidade do país de enfrentar futuras ameaças sanitárias. Rick Bright, ex-chefe do Centro de Pesquisa e Desenvolvimento Biomédico dos EUA, afirmou ao The New York Times que a interrupção do financiamento representa um enfraquecimento da resposta do país a patógenos. Apesar da suspensão, alguns projetos de vacinas em estágios avançados continuarão a receber apoio financeiro, visando proteger investimentos anteriores dos contribuintes.
Kennedy Jr. justificou a decisão afirmando que os recursos serão redirecionados para o desenvolvimento de vacinas consideradas mais seguras e eficazes, que possam manter sua eficácia mesmo diante de mutações virais. A suspensão do financiamento ocorre em um contexto de crescente ceticismo em relação à imunização, que inclui a retirada de recomendações de vacinas contra a covid-19 para gestantes e crianças saudáveis, além da demissão de um comitê de conselheiros de vacinação do Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC).
As vacinas de RNA mensageiro (mRNA), que têm sido fundamentais no combate à pandemia, foram reconhecidas com o Prêmio Nobel de Medicina em 2023, concedido a Katalin Karikó e Drew Weissman. Essas vacinas funcionam introduzindo instruções genéticas nas células, permitindo que o sistema imunológico aprenda a combater a doença real. A decisão do governo Trump levanta preocupações sobre o futuro da pesquisa e desenvolvimento de vacinas nos Estados Unidos.