Um levantamento do Instituto Iede (Interdisciplinaridade e Evidências no Debate Educacional), divulgado pela Folha de S. Paulo, aponta que apenas 11 estados brasileiros conseguiram melhorar o desempenho de estudantes negros e pobres no ensino básico entre 2019 e 2023, período que marca os efeitos da pandemia de Covid-19. Goiás está entre eles, sendo o único representante do Centro-Oeste. A pesquisa analisou os resultados do Saeb (Sistema de Avaliação da Educação Básica) e revelou que, enquanto a maior parte do país apresentou estagnação ou queda nos indicadores, Goiás conseguiu avançar no aprendizado de grupos historicamente mais vulneráveis.
O estudo mostrou que a capital goiana teve papel de destaque nos avanços. Nos anos iniciais do ensino fundamental, Goiânia registrou crescimento de aproximadamente 14 pontos percentuais no aprendizado adequado em matemática entre estudantes pretos, pardos e indígenas, alcançando 56,5%. Entre alunos de baixo nível socioeconômico, o avanço foi de 13 pontos, chegando a 49%. Já entre estudantes brancos e amarelos, o índice de aprendizado adequado atingiu 60,2%, enquanto no grupo de maior nível socioeconômico chegou a 66,1%.
O Iede também destacou a atuação do VAAR (Valor Aluno/Ano Resultado), dispositivo do Fundeb que aumenta repasses para redes que conseguem melhorar o aprendizado dos alunos mais vulneráveis. Goiás aparece como exemplo de estado que conseguiu aproveitar esse mecanismo para reduzir desigualdades. Além de Goiás, apenas Maranhão, Piauí, Rio Grande do Norte, Pernambuco, Alagoas, Sergipe, Amazonas, Pará, Amapá e Paraná conseguiram avanços semelhantes. O Piauí se destacou com a maior evolução: aumento de nove pontos no percentual de estudantes negros com desempenho adequado em língua portuguesa nos anos finais do fundamental.