A Festa do Peão de Barretos, que ocorre anualmente em São Paulo, completa 70 anos preservando tradições que moldaram a identidade sertaneja do Brasil. Desde sua fundação em 1955, a festa mantém costumes que refletem a vida dos peões de boiadeiro, influenciando novas gerações e celebrando a cultura rural do país.
Entre as tradições destacadas, a 'queima do alho' é uma das mais emblemáticas, originada das comitivas de boiadeiros que cruzavam o interior do Brasil. Este prato, preparado no fogo de chão, é uma refeição reforçada, composta por arroz carreteiro, feijão gordo e churrasco, que visa restabelecer a energia dos trabalhadores. A tradição se transformou em um concurso gastronômico em 1958, que ocorre anualmente durante a festa.
Outro aspecto importante da celebração é a devoção a Nossa Senhora Aparecida, padroeira do Brasil. Antes das competições de montaria, os peões realizam um momento de oração, demonstrando respeito e fé. A cerimônia é marcada por gestos simbólicos, como o ato de tirar o chapéu e prestar homenagem à santa, refletindo a conexão espiritual dos trabalhadores com suas raízes.
A historiadora Karla Armani Medeiros destaca que esses costumes surgiram durante as longas jornadas de transporte de gado, quando os peões não apenas contribuíram para o desenvolvimento das cidades, mas também para a formação da cultura brasileira. A Festa do Peão de Barretos continua a ser um importante espaço de celebração e preservação dessas tradições que fazem parte da história do sertanejo.