Uma combinação de ondas de calor marinhas, acidificação e baixa concentração de clorofila está ameaçando os ecossistemas das regiões sul e equatorial do Oceano Atlântico, segundo um estudo publicado na revista Nature Communications. A pesquisa, que envolveu cientistas da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e do Instituto Nacional de Pesquisas Oceânicas (Inpo), analisou dados coletados entre 1999 e 2018, revelando que esses fenômenos passaram a ocorrer simultaneamente todos os anos desde 2016.
Os oceanos desempenham um papel crucial na regulação do clima, absorvendo cerca de 90% do calor da atmosfera e 30% do dióxido de carbono (CO₂). O superaquecimento das águas e o aumento da acidificação resultam em riscos elevados de mortalidade para espécies marinhas e comprometem a sustentabilidade das atividades pesqueiras. A pesquisa destaca que a disponibilidade de alimentos para as espécies marinhas é essencial para a sobrevivência em águas mais quentes e ácidas, mas a combinação desses fatores reduz a oferta de nutrientes.
Seis regiões do Atlântico Sul foram avaliadas, incluindo áreas próximas à costa do Nordeste brasileiro e o Golfo da Guiné, que juntas sustentam a pesca de oito milhões de toneladas de organismos marinhos anualmente, impactando diretamente a segurança alimentar de comunidades na América do Sul e na África. A pesquisadora Regina Rodrigues enfatiza a necessidade de políticas mais eficazes para proteger os ecossistemas marinhos, que enfrentam diversas pressões, incluindo poluição e pesca ilegal.
Rodrigues alerta que, embora o aquecimento e a acidificação dos oceanos sejam desafios complexos, é fundamental implementar medidas para reduzir as emissões de gases do efeito estufa e criar áreas de conservação para mitigar os impactos sobre os ecossistemas marinhos.