Em 31 de março de 1964, horas antes do golpe militar que derrubou o governo de João Goulart, autoridades americanas discutiram a mobilização de forças militares para apoiar a ação no Brasil. A operação, conhecida como Brother Sam, envolvia um porta-aviões, um porta-helicópteros, seis contratorpedeiros e outros navios, com o objetivo de garantir a transição de poder em meio ao contexto da Guerra Fria e do medo do comunismo. O planejamento da intervenção já estava em andamento desde o governo de John F. Kennedy, conforme revela o historiador Carlos Fico.
A operação previa a saída das forças americanas de um porto na Virgínia no dia 1º de abril, com chegada prevista à região de Santos entre 10 e 14 de abril. No entanto, após o golpe, o novo presidente Humberto Castelo Branco informou que não necessitava do apoio logístico, levando ao desmonte da operação. Segundo a historiadora Bruna Gomes dos Reis, a manobra visava assegurar o sucesso do golpe, sem caracterizar uma ameaça direta entre os países.
O envolvimento dos Estados Unidos na política brasileira da época reflete o clima de escalada do discurso anticomunista, que permeava as decisões do governo americano. O planejamento da intervenção foi liderado pelo diplomata Abraham Lincoln Gordon, embaixador dos EUA no Brasil entre 1961 e 1966, e destaca a preocupação dos Estados Unidos em evitar um alinhamento do Brasil com o bloco comunista durante a Guerra Fria.