Um estudo conduzido pela CSIRO, agência nacional de ciência da Austrália, demonstrou que a água de vasos sanitários de aviões pode se tornar uma ferramenta essencial para monitorar a disseminação global de superbactérias. A pesquisa analisou o esgoto de 44 voos internacionais que chegaram à Austrália, revelando a presença de nove tipos de patógenos resistentes a antibióticos, considerados uma “pandemia silenciosa”. Entre os achados, cinco superbactérias foram identificadas em todas as amostras, incluindo genes de resistência inéditos no país.
Os pesquisadores observaram uma variação geográfica significativa na presença dessas superbactérias, com voos da Ásia, especialmente da Índia, apresentando maior concentração de genes de resistência em comparação com aqueles vindos da Europa e do Reino Unido. Essa diferença pode estar relacionada ao uso excessivo de antibióticos, condições de saneamento e políticas de saúde pública em cada região. Além disso, os produtos químicos utilizados para higienizar os banheiros não eliminam o material genético das bactérias por pelo menos 24 horas, aumentando a confiabilidade das amostras coletadas.
A resistência antimicrobiana é considerada uma das maiores ameaças à saúde pública global, com previsões apontando para mais de 39 milhões de mortes até 2050. O professor Nicholas Ashbolt, da Universidade da Austrália do Sul, enfatiza que o novo método pode complementar os sistemas de saúde existentes, servindo como um alerta precoce para reduzir riscos globais. A pesquisa foi publicada na revista Microbiology Spectrum e destaca a importância do monitoramento em voos internacionais, especialmente após a identificação do vírus da Covid-19 em esgoto durante a pandemia.