Uma pesquisa alarmante indica que 87,7% dos hospitais brasileiros prescrevem antibióticos de maneira inadequada, utilizando métodos de tentativa e erro. O estudo foi divulgado pela Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI) e faz parte da campanha “Será que precisa? Evitando a resistência antimicrobiana por antibióticos e antifúngicos”. Além disso, um em cada cinco hospitais não ajusta corretamente as dosagens, o que eleva o risco de surgimento de microorganismos resistentes às medicações.
O Instituto Qualisa de Gestão (IQG) entrevistou profissionais de saúde em 104 unidades públicas e privadas em todo o Brasil. A resistência antimicrobiana é considerada uma crise “silenciosa” pela Organização Mundial da Saúde, com 48 mil mortes anuais no país devido a infecções resistentes. A presidente do IQG, Mara Machado, enfatizou a necessidade urgente de políticas públicas robustas para controlar o uso indiscriminado de antibióticos e destacou falhas nos protocolos de controle de infecção hospitalar.
A pesquisa também revelou que 24,5% dos brasileiros utilizam antibióticos sem prescrição médica, contribuindo para a desinformação sobre o uso adequado desses medicamentos. A infectologista Ana Gales alertou que a resistência antimicrobiana pode dificultar o tratamento de infecções comuns e ressaltou a importância do controle desde a prescrição até o descarte dos antibióticos. Sem protocolos adequados, a situação se torna um problema não apenas de saúde pública, mas também ambiental.