O neurocientista Carlos Matute, da Universidade do País Basco, na Espanha, liderou uma pesquisa que investiga como o cérebro humano reage à exaustão durante maratonas. Publicado na revista Nature Metabolism em março de 2025, o estudo analisa a relação entre a atividade física intensa e a saúde cerebral, focando na mielina, substância que envolve os neurônios e é crucial para a transmissão de sinais elétricos.
A pesquisa envolveu a análise de dez corredores que foram submetidos a ressonâncias magnéticas antes e após a maratona. Os resultados mostraram uma redução significativa na fração de água da mielina até 48 horas após a corrida, especialmente em áreas do cérebro ligadas ao movimento e à coordenação, como o trato corticoespinal.
Matute sugere que a mielina pode atuar como uma reserva de energia temporária durante a atividade física intensa, semelhante ao uso de gordura corporal. Apesar das alterações observadas, os níveis de mielina retornam ao normal em cerca de dois meses, indicando que o cérebro possui uma capacidade adaptativa notável. Especialistas, como Mustapha Bouhrara, destacam a relevância do estudo para entender a recuperação cerebral e suas implicações para o envelhecimento e doenças neurodegenerativas.