Um estudo recente aponta ligações significativas entre a microbiota intestinal e a doença de Parkinson, ampliando as perspectivas para novos tratamentos. A neurologista Jacy Bezerra Parmera, do Hospital das Clínicas e docente da Faculdade de Medicina da USP, explica que a doença pode ter diferentes origens: em alguns casos, inicia-se no cérebro, enquanto em outros, começa no intestino. Essa distinção é crucial para o desenvolvimento de terapias direcionadas.
Jacy Bezerra ressalta que cerca de 90% dos pacientes com Parkinson apresentam constipação e distúrbios gastrointestinais antes dos sintomas motores, como tremores. A proteína alfa-sinucleína, associada à doença, também é encontrada no intestino e sua hiperprodução pode estar ligada a alterações na microbiota. O transplante de microbiota fecal (TMF), atualmente testado na Bélgica, busca restaurar o equilíbrio intestinal e está em fases iniciais de pesquisa.
A neurologista enfatiza a necessidade de mais evidências para confirmar se o TMF pode ser um tratamento modificador da doença. Embora os tratamentos sintomáticos atuais sejam eficazes, ainda não existem opções que interrompam a progressão do Parkinson. Jacy acredita que a exploração de diferentes linhas de pesquisa é essencial para encontrar terapias inovadoras e destaca a importância de desmistificar a doença para melhorar a qualidade de vida dos pacientes.