Um estudo realizado pelo Unicef em parceria com instituições do Rio de Janeiro revelou os efeitos da violência armada na aprendizagem de crianças e adolescentes. A pesquisa, que avaliou alunos do 5º e 9º anos do ensino fundamental em escolas públicas, constatou que quase 40% dos estudantes em áreas afetadas por tiroteios não atingiram o mínimo de conhecimento esperado para o ano escolar. A análise abrangeu disciplinas como língua portuguesa e matemática, evidenciando uma diferença de quase 10 pontos nas notas de alunos de áreas dominadas por milícias em comparação com aqueles de regiões mais seguras.
Os pesquisadores destacaram que o cotidiano de violência e o controle territorial armado têm causado um atraso de cerca de seis meses na aprendizagem dos jovens no Grande Rio. Flávia Antunes, chefe do escritório do Unicef no Rio, enfatizou que a insegurança impacta diretamente a atenção, memória e concentração dos alunos, dificultando o aprendizado. Além disso, a taxa de abandono escolar é significativamente maior em escolas situadas em áreas com alta incidência de violência, com uma diferença de 3 a 4 pontos percentuais em comparação com instituições em regiões mais tranquilas.
Os especialistas apontam que é essencial integrar a discussão sobre violência armada nas políticas de educação e segurança pública. Flávia Antunes ressaltou que é possível implementar mudanças para melhorar a situação atual, mas isso requer uma abordagem conjunta que considere as intersecções entre educação e segurança. A pesquisa evidencia a urgência de ações que visem proteger o direito à educação das crianças e adolescentes em contextos de violência.