Um estudo conduzido por pesquisadores da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e da Universidade Federal do Mato Grosso do Sul (UFMS) revelou que a vacina Qdenga é eficaz na prevenção da dengue em adolescentes de 10 a 14 anos no Brasil. Publicado na revista The Lancet Infectious Diseases, o trabalho analisou dados de vacinação em São Paulo entre fevereiro e dezembro de 2024, demonstrando que uma única dose já reduz em 50% o risco de contrair a doença e em 67,5% o risco de hospitalização. A pesquisa também indicou que a proteção começa a partir do oitavo dia após a aplicação da primeira dose, um dado crucial para intervenções emergenciais durante surtos.
Os pesquisadores utilizaram um estudo de caso-controle, comparando dois grupos: um com adolescentes que testaram positivo para dengue e outro com resultados negativos. A análise incluiu dados de 92.621 jovens, confirmando que os imunizados apresentaram proteção significativa contra a arbovirose, especialmente contra os sorotipos 1 e 2 que circularam durante a epidemia de 2024. Além disso, foi observado que a eficácia da primeira dose diminui após 90 dias, reforçando a necessidade de completar o esquema vacinal com duas doses.
Os resultados deste estudo representam a primeira evidência significativa de eficácia da vacina Qdenga em condições reais, além dos ensaios clínicos. Segundo o coordenador do estudo, Julio Croda, esses dados podem salvar vidas e aliviar a pressão sobre os hospitais durante surtos de dengue. A vacina Qdenga foi incorporada ao Sistema Único de Saúde (SUS) no final de 2023, mas devido à capacidade produtiva limitada da Takeda, atualmente é destinada apenas a adolescentes. Novas vacinas estão em análise para ampliar a cobertura vacinal no Brasil.