Um estudo inédito publicado na revista Environmental Research revela que as mudanças climáticas podem aumentar significativamente o risco de doenças diarreicas fatais em crianças pequenas, especialmente no sul e sudeste da Ásia. A pesquisa, liderada por cientistas da Universidade Flinders, analisou dados de mais de 3 milhões de crianças em oito países asiáticos e concluiu que temperaturas extremas e chuvas anormalmente secas estão diretamente ligadas ao aumento de casos de diarreia infantil, uma das principais causas de morte em menores de cinco anos em países de baixa e média renda.
Os pesquisadores identificaram que oscilações de temperatura entre 30°C e 40°C elevam o risco de diarreia em até 39%, enquanto estações de chuva secas aumentam esse risco em 29%. O professor Corey Bradshaw, um dos autores do estudo, destaca que as crianças do sul global enfrentarão um risco ainda maior de doenças evitáveis devido ao avanço das mudanças climáticas.
Além disso, o estudo aponta que a educação materna é um fator decisivo na proteção das crianças, com filhos de mães com menos de oito anos de escolaridade apresentando um risco 18% maior de desenvolver doenças diarreicas. Os pesquisadores recomendam que os governos priorizem investimentos em educação materna, melhorias no acesso à água potável e saneamento básico, e políticas habitacionais que favoreçam ambientes saudáveis. O professor Peter Le Souëf enfatiza que é urgente agir para evitar que as mudanças climáticas ampliem desigualdades e coloquem em risco milhões de vidas infantis nos próximos anos.