Na última quarta-feira (20), um painel em São Paulo abordou a urgente necessidade de reformular o ensino de matemática no Brasil. O evento, intitulado “Como a Matemática vai incluir o Brasil na economia digital”, contou com a participação da pesquisadora britânica Jo Boaler, da Universidade de Stanford, e do matemático Marcelo Viana, diretor do Instituto de Matemática Pura e Aplicada (Impa). Organizado pelo Instituto Sidarta, em parceria com a B3 Social, a Fundação Itaú e o Iede, o debate enfatizou que a crença de que apenas alguns têm talento para a matemática não encontra respaldo científico.
Boaler destacou que a neurociência comprova que todos podem aprender matemática em alto nível, desde que tenham acesso a uma metodologia adequada. Ela criticou a cultura de punição nas escolas, que gera medo e aversão à disciplina. Dados da OCDE revelam que a ansiedade em relação à matemática é alarmante, com 79,5% dos estudantes brasileiros relatando nervosismo ao resolver problemas matemáticos. A especialista argumentou que encorajar os alunos a cometer erros pode transformar sua relação com a matéria.
O professor Vitor de Oliveira Ferreira, do IME da USP, também compartilha dessa visão e acredita que o aprendizado deve ser encarado como um processo coletivo. Ambos os especialistas concordam sobre a necessidade de atualizar os currículos escolares, mas divergem nas abordagens. Enquanto Ferreira defende a manutenção de conteúdos clássicos, Boaler sugere cortes drásticos em tópicos obsoletos. Essa discussão é crucial para melhorar o desempenho dos alunos e prepará-los para os desafios da economia digital.