Especialistas alertam que a educação a distância (EaD) em cursos de saúde pode comprometer a formação de profissionais essenciais. Um decreto publicado em maio restringiu o EaD integral em áreas como medicina, enfermagem, odontologia e psicologia, mas ainda permite formatos híbridos para outras graduações, como fisioterapia e nutrição. Para os especialistas ouvidos, a formação em saúde exige contato humano e vivência prática desde os primeiros anos, pois competências cruciais não podem ser adquiridas fora do ambiente clínico real.
Os riscos apontados incluem o atraso na integração entre teoria e prática, comprometendo a qualidade da assistência futura. A professora Vanessa Fonseca Vilas Boas destaca que a ausência de experiências clínicas precoces fragiliza o raciocínio clínico e reduz a proficiência em habilidades motoras essenciais. Além disso, a falta de vivência presencial impede o desenvolvimento de empatia e atitudes centradas na pessoa, fundamentais para o cuidado em saúde.
Embora o ensino a distância amplie o acesso ao ensino superior, especialistas afirmam que isso não pode se sobrepor à qualidade da formação. A médio e longo prazo, uma formação precária pode sobrecarregar ainda mais o Sistema Único de Saúde (SUS), resultando em aumento de erros diagnósticos e queda na qualidade da assistência. A manutenção de brechas para cursos híbridos representa um risco à confiança da população no atendimento de saúde.