O escândalo de corrupção que envolve Karina Milei, irmã e secretária-geral da Presidência da Argentina, está gerando uma crise de confiança entre os investidores. O vazamento de áudios comprometedores levou a uma queda acentuada na demanda por pesos e um aumento nas taxas de juros, refletindo a deterioração fiscal e o aumento do risco político às vésperas das eleições de setembro e outubro. Segundo analistas do Bradesco BBI, essa situação fragiliza a governabilidade do governo de Javier Milei, que já enfrenta dificuldades legislativas e uma crescente polarização política.
A pesquisa da Universidad Torcuato Di Tella, compilada pelo Itaú BBA, revela que a confiança no governo caiu 13,6% em agosto, atingindo 42,3 pontos, o menor nível desde a posse de Milei em dezembro de 2023. Embora os efeitos plenos do escândalo ainda não tenham sido captados, os mercados já mostram reações negativas, com títulos soberanos caindo e o peso se desvalorizando. O governo tenta reagir à crise, mas enfrenta um Congresso que já aprovou medidas de aumento de gastos, reduzindo sua capacidade de veto.
As próximas eleições na província de Buenos Aires, marcadas para 7 de setembro, são vistas como um termômetro crucial para a viabilidade do projeto político de Milei. A votação pode determinar se a narrativa do “outsider reformista” terá continuidade ou se o governo enfrentará uma rápida perda de capital político. Com a oposição ganhando força e a confiança em queda, o cenário político argentino se torna cada vez mais incerto.