A antipatia imediata, frequentemente referida como ‘ranço’, é uma experiência comum no convívio social, manifestando-se sem explicações lógicas. Especialistas, como o sociólogo Tony Gigliotti Bezerra da Universidade de Brasília, afirmam que essa sensação pode refletir estigmas sociais, como racismo e machismo, que são perpetuados por normas culturais e educacionais. O psicólogo Douglas Kawaguchi, do Hospital Sírio-Libanês, complementa que essa reação é resultado de dois tipos de processamento cerebral: o intuitivo e o racional, sendo a primeira a responsável pela formação do ranço inicial.
Gigliotti Bezerra ressalta que a desconstrução de preconceitos depende de uma educação inclusiva, enquanto Kawaguchi aponta que experiências passadas podem reativar lembranças negativas, intensificando essa antipatia. A psicóloga Marcela Godoi Silva destaca que essas reações são aprendidas ao longo da vida e podem levar a consequências sociais graves, como exclusão e problemas emocionais. Portanto, o ranço é um fenômeno que combina biologia, comportamento e sociedade, e reconhecer suas origens pode ser um passo crucial para promover a empatia.
A compreensão do ranço não apenas ilumina os mecanismos cerebrais que o geram, mas também revela os estereótipos que permeiam as interações humanas. Ao abordar essa questão com autoconhecimento e reflexão, é possível transformar a antipatia automática em uma oportunidade de conexão e compreensão mútua. Assim, a discussão sobre o ranço se torna essencial para a construção de uma sociedade mais justa e inclusiva.