Luis Fernando Verissimo, um dos maiores cronistas da literatura brasileira, faleceu no último sábado (30), aos 88 anos. O autor deixou um legado literário que, segundo amigos próximos, permanecerá eterno como o de seu pai, Erico Veríssimo. Em uma entrevista emocionante, o escritor e jornalista Eduardo Bueno, que manteve uma amizade de quatro décadas com Verissimo, ressaltou a singularidade do autor no cenário literário nacional. Bueno destacou que Verissimo conseguiu fazer uma crônica de costumes que mesclava a história da vida privada com crítica política, sem o peso da polarização.
Verissimo construiu sua própria identidade literária, mesmo seguindo os passos do pai, Erico Veríssimo, um dos pilares da literatura gaúcha e latino-americana. Seus personagens memoráveis, como o Analista de Bagé e a Velhinha de Taubaté, tornaram-se símbolos do humor brasileiro. O cronista destacou-se por sua capacidade de análise social através do deboche refinado, mantendo sempre a elegância em seus textos. Mesmo com posições políticas claras, nunca perdeu a capacidade de análise crítica da realidade brasileira, preservando seu humor característico em tempos de polarização.
Eduardo Bueno também revelou aspectos pessoais de Verissimo, descrevendo-o como um homem de poucas palavras, mas com frases precisas e impactantes. Apaixonado por jazz, teve a oportunidade de assistir apresentações de lendas como Charlie Parker e Dizzy Gillespie durante sua juventude nos Estados Unidos. O papel fundamental de Lúcia Helena Massa, esposa de Verissimo por 61 anos, foi destacado por Bueno, que enfatizou como ela o apoiou durante os anos de enfermidade e foi essencial para a manutenção de sua produção literária.