O debate em torno do PL da Anistia ganhou novos capítulos com as movimentações de Eduardo Bolsonaro (PL-SP). O deputado intensificou conversas com lideranças partidárias e atua no exterior para pressionar o Partido Liberal a aprovar a proposta, mesmo que isso signifique excluir Jair Bolsonaro do alcance direto da anistia. Essa movimentação interna aumentou a tensão no PL, onde parte da bancada e a direção do partido, sob Valdemar Costa Neto, defendem manter o ex-presidente no texto como símbolo de resistência. Por outro lado, há quem considere que vincular a anistia a Bolsonaro pode inviabilizar a votação, dada a resistência do presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), e de outros líderes do centrão.
A proposta de urgência para o PL da Anistia já conta com mais de 260 assinaturas, superando o mínimo necessário, mas ainda não foi levada ao plenário. Hugo Motta sinalizou que não pretende arriscar a votação, temendo um choque institucional com o Supremo Tribunal Federal (STF), que julga os réus dos atos de 8 de janeiro. Nesse cenário, as conversas de Eduardo Bolsonaro atuam como uma válvula de pressão, mobilizando a base bolsonarista e expondo divisões internas sobre o caminho a seguir. Sem avanços concretos, lideranças do PL articulam uma estratégia de obstrução total dos trabalhos da Câmara para forçar a apreciação do tema.
Enquanto isso, o governo Lula foca na PEC da Segurança Pública, que visa fortalecer o Sistema Único de Segurança Pública (SUSP). A estratégia governista busca disputar espaço com a narrativa bolsonarista e evitar que o debate sobre anistia monopolize a agenda política. Eduardo Bolsonaro também mantém contato com lideranças da direita americana e aliados de Donald Trump, buscando manter o tema em evidência e pressionar para que a anistia seja vista como uma questão de ‘liberdade política’, mesmo sem a inclusão direta do nome de seu pai.