O presidente nacional do Partido dos Trabalhadores (PT), Edinho Silva, reconheceu em entrevista à BBC News Brasil que o partido enfrenta dificuldades em compreender e dialogar com a nova classe trabalhadora, formada por profissionais informais e autônomos. “Não estamos conseguindo dialogar com a nova classe trabalhadora”, afirmou Edinho, ressaltando que essa declaração é significativa para um partido que tem suas raízes no sindicalismo operário desde os anos 1970.
Edinho, sociólogo de formação, atribui essa dificuldade às origens do PT, que foi moldado para defender os direitos de trabalhadores com carteira assinada. Com o crescimento de setores informais, como motoristas de aplicativo e entregadores, ele sugere que o cooperativismo pode ser uma solução viável, mas fora da lógica tradicional da CLT. O impacto dessa desconexão já se refletiu nas urnas, onde o PT conquistou apenas uma capital nas últimas eleições.
Além disso, Edinho criticou a concentração de poder no Congresso e a dificuldade de diálogo com a comunidade evangélica. Ele enfatizou a importância de ouvir governadores e prefeitos sobre segurança pública e defendeu que as instituições brasileiras devem investigar sem recuar diante de pressões externas, especialmente em relação ao processo judicial contra Jair Bolsonaro. O dirigente acredita que o PT deve se preparar para o futuro, destacando que o sucessor de Lula não será um nome individual, mas sim o fortalecimento do partido como um todo.