A DoxiPEP, uma estratégia de profilaxia pós-exposição com doxiciclina, está emergindo como uma ferramenta promissora para prevenir infecções sexualmente transmissíveis (ISTs), especialmente a sífilis, após relações sexuais desprotegidas. Estudos recentes demonstraram que essa abordagem pode reduzir os casos de clamídia em 70% e de gonorreia em 50% entre usuários de PrEP, a profilaxia pré-exposição ao HIV. No entanto, a eficácia da DoxiPEP levanta preocupações sobre o aumento da resistência bacteriana e o comportamento sexual de risco entre seus usuários.
A infectologista Fernanda Pedrosa Torres, do Einstein Hospital Israelita em Goiânia, destaca que o uso preventivo do antibiótico ainda é objeto de debate entre profissionais da saúde. Nos Estados Unidos, o CDC recomenda a prescrição da DoxiPEP apenas para grupos de alto risco, como homens que fazem sexo com homens e mulheres trans com histórico recente de ISTs. No Brasil, a incidência de sífilis tem aumentado anualmente em cerca de 11%, com 113 casos por 100 mil habitantes registrados em 2024, o maior número da década.
Embora os resultados iniciais da DoxiPEP sejam promissores, especialistas como Gisele Cristina Gosuen, da Sociedade Brasileira de Infectologia, enfatizam a necessidade de mais estudos para avaliar os riscos e benefícios dessa prática. A resistência bacteriana é uma preocupação central, e efeitos adversos como náuseas e diarreia também devem ser considerados. A aprovação da DoxiPEP como parte de uma estratégia de prevenção combinada pode ser um passo importante na luta contra as ISTs, mas deve ser acompanhada de diretrizes claras e educação sobre o uso responsável de preservativos.